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segunda-feira, 27 de junho de 2011

A insustentável fragilidade da fragmentação


Na última terça feira de maio, os cinco municípios remanescentes da Associação de Municípios das Encostas da Serra Geral – Amesg – decidiram assumir formalmente o fim da associação, de curtíssima história, por sinal.

Apesar da quantidade e diversidade de vozes discordantes na época, o mês de agosto de 2009 viu sete municípios do sul de Santa Catarina abandonarem suas associações municipais – Amurel e Amrec –, para passarem a constituir a nova associação, erguida sob o mote original “Municípios do pé da serra” e depois “das encostas da Serra Geral”, como veio a ser formalmente conhecido. 

Inicialmente, quando as intenções separatistas estavam fervilhando, foram anunciados onze municípios em intenção de cisão; outras fontes chegaram a anunciar quinze municípios. Fosse como fosse, o panorama no curto prazo parecia devastador, porque uma eventual concretização dessa iniciativa, mesmo de parte de onze municípios, equivaleria a algo como 40% da Amurel e da Amrec somadas. A cisão, contudo, ficou apenas por sete municípios, embora não sem causar alguma turbulência na região, no que se refere à vida associativa e aos elos de confiança e cooperação que, sempre difíceis de conquistar, já haviam sido firmados.

Cooperação intermunicipal essa, sem a qual, dificilmente o sul do estado conseguirá atingir uma posição competitiva de desenvolvimento econômico e humano, dentro da Região Sul do Brasil, face ao Paraná, ao desenvolvido norte de SC e ao Rio Grande do Sul. Afinal, se a integração regional tem um custo e implica sacrifícios, continuar sendo o parente pobre da família tem um custo muito maior... hoje e no futuro.

Assim, na fase épica de formação do que viria ser a Amesg, São Ludgero, Orleans, Lauro Müller, Pedras Grandes, Grão Pará, Gravatal e Rio Fortuna (que participaria como associado apenas através da Câmara de Vereadores) invocaram alguns argumentos como: identidade de atividades econômicas, a mesma cultura e tradições, o fortalecimento da região, o compartilhamento geográfico das encostas da Serra Geral e outros. Por outro lado, diversos jornalistas, analistas e comentadores, na época, não encontraram argumentos reais nesses argumentos, do ponto de vista do cimento que haveria de unir os municípios do pé da serra, segundo atestam muitas entrevistas e artigos de opinião que, prontamente, a mídia veiculou.

Seja como for, a menos de dois anos da data de formalização da Amesg, verificou-se um vazio de projetos e realizações, sem que a união dos municípios tivesse conseguido sanar o embate de posições políticas ou partidárias mais ou menos individualistas, ou contribuído efetivamente para alavancar o desenvolvimento econômico e social. Enquanto políticos brigam e recrutam seguidores para a briga, a região perde, perdem todos, perde o desenvolvimento, perde a integração de esforços e recursos para alavancar a região. A Amesg ficará para o futuro como uma tentativa genuína de fazer melhor, mas também de como não fazer o que deve ser feito para obter resultados palpáveis.

O que acontecerá agora aos municípios separatistas? Segundo os comentadores, é provável que Orleans volte a integrar a Amurel, como aconteceu com Lauro Müller, o primeiro município a desistir, em 2010; porém, a decisão de Orleans ainda está pendente. Pedras Grandes poderá retornar à Amurel, mas considera a Amrec como opção. Grão-Pará poderá também retornar à Amurel. No que diz respeito a São Ludgero e Gravatal (ambas ex-Amurel), as intenções anunciadas pelos prefeitos são, no momento, por não integrar nenhuma das associações; mas segundo declarações na mídia, o prefeito de Gravatal não se encontra inclinado para retornar à Amurel.

Sejam quais forem as opções e as configurações que serão escolhidas no curto prazo pelos líderes municipais na ótica associativista, a lição tirada da experiência Amesg reforça a tese de que a cooperação e a integração de esforços é o único movimento capaz de impulsionar os municípios.  Esse movimento poderá ser conseguido através de diversas vertentes ou direcionadores de desenvolvimento regional que, porém, para atingirem os objetivos pretendidos, deverão acontecer em simultâneo:

1.     Integração dos municípios nas associações já existentes, reforçando os elos históricos dentro de cada uma delas e consolidando as melhores práticas;
2.     Cooperação ativa entre as associações do litoral sul - Amurel, Amrec, Amesc – para o desenvolvimento regional, com amplo diálogo com as associações vizinhas, nomeadamente da Serra Catarinense, do norte do Rio Grande do Sul e da Grande Florianópolis;
3.     Plataformas políticas convergentes com base em objetivos comuns e coletivos de médio/longo prazo, e não em personalidades individuais políticas – os nomes individuais passam, mas os municípios ficam...
4.     Busca de sinergias em torno das características, particularidades, recursos e potencialidades - comuns e não comuns - dos diversos municípios;
5.     Formulação de uma estratégia integrada de sub-região, com ações permanentes de monitoramento e de reequacionamento estratégico;
6.     Estabelecimento de parcerias ativas dos municípios com os setores público e privado e com as universidades comunitárias;
7.     Incentivos a projetos empreendedores, à cooperação universidade-empresa e à transferência de tecnologia, aproveitando os contatos, os recursos e o acervo científico e tecnológico das universidades comunitárias da região.

Bem entendido, as sugestões presentes nos direcionadores acima, pressupõem que tanto municípios como associações municipais aprimorem sua gestão interna e seu “modus operandi” no sentido de tornarem-se mais inclusivas, mais dialogantes, no sentido de uma cooperação regional saudável, sem concorrência redutora dos mais fortes para os menos fortes. Uma vez que só é possível criar sinergias multiplicadoras de prosperidade com diversidade e as opções por estas abertas, a concorrência entre municípios deverá ser substituída por um padrão comum de cooperação e de metas de desenvolvimento. Isso significa um nivelamento “por cima” dos municípios com menor desempenho ajudando-os a atingir o padrão comum, e beneficiando assim a região como um todo.

Fica claro que, perante a pressão desenvolvimentista do norte do estado e do Rio Grande do Sul, a hora é de investir em nosso potencial comum e de colocar no passado o individualismo das lideranças locais:  a questão-chave, portanto, não gira em torno de reforçar as identidades e as características das microrregiões, isolando-as das microrregiões vizinhas, mas de agregá-las e colocá-las em movimento, gerando diferenciais competitivos e atraindo investimento.

Com efeito, o caso de insucesso da Amesg veio mostrar que a solução não reside em reforçar as identidades no isolamento e na auto-afirmação primária, mas na formação de uma consciência geográfica mais ampla, mutuamente fortalecida, onde todos ganham e onde todos têm lugar para crescer com suas características e identidades específicas.

Por fim, é de salientar que a inclusão das universidades comunitárias nesse processo é de suma importância, na medida em que, além de seus ativos científicos e tecnológicos – que se encontram ainda longe de ser explorados a favor da comunidade – , elas possuem uma história, um envolvimento tradicional e confirmado e de sucesso com as comunidades onde se encontram, como ficou evidenciado na iniciativa de união e integração Prosperidade Sul Catarinense, promovida pelo anterior governo do estado, onde Unesc e Unisul assumiram abertamente seus papéis no desideratum que lhes compete. 

Assim, num quadro desejável de cooperação intermunicipal e inter-associativa, tudo se pode esperar, se os investimentos das associações, dos poderes públicos locais, das empresas e os provenientes dos fundos das agências de fomento aos quais as universidades comunitárias têm acesso, forem multiplicados pelos recursos e potencial humano especializado, profissional e acadêmico, agindo a favor do tão desejado desenvolvimento e fortalecimento do sul de Santa Catarina.

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segunda-feira, 20 de junho de 2011

Preparando-se para o futuro. Mas, para qual futuro?

Dedicarei este post aos mais jovens que acompanham a trajetória deste Blog, um grupo bem significativo, que o procura como se fosse uma âncora, para amparar sua caminhada na vida pessoal e profissional.

É importante lembrar que o mundo contemporâneo e globalizado, independente do sistema social e político em que nos inserimos, é cruel, muito cruel, e não perdoa o vacilo na formação, nem a falta de atenção às oportunidades que surgem. Aliás, estas hoje são poucas e raras. Por isso, não se pode perdê-las.

Dizer que não estamos mais no mundo de nossos pais é afirmar o óbvio. Atualmente  não adianta mais ser bom se não tiver habilidade de transformar toda a equipe em excepcional. O que ganha o jogo é a equipe. O sucesso depende dos talentos comprometidos e envolvidos na execução das tarefas.

O aumento da concorrência e, consequentemente, a competitividade não só externa, mas também interna – aquela entre os integrantes da mesma equipe- se acirra quando não se detém o monopólio ou domínio das habilidades profissionais e pessoais, variáveis que, no mundo moderno, não há mais como evitar.

Por isso, é fundamental realizar alguma coisa diferente daquilo que todo mundo faz. É preciso fazer alguma coisa que mais ninguém faz. Distinguir-se pela diferença. Às vezes, é apenas um detalhe, entretanto, ele fará toda a diferença na atividade, no atendimento, no relatório, enfim, na performance. Vale lembrar que deixando-se de ser inovador, é inevitável, ao longo do tempo, tornar-se substituível. 

Neste jogo, o primeiro aspecto que precisa ficar claro é que, para se destacar, é preciso querer, e, querer muito. Uma forma de auxiliar o querer é saber onde se  inspirar. A inspiração está no tácito, embora também possa ser encontrada no formal e estruturado.

Diversas poderiam ser as sugestões e exemplos ilustrativos a serem deixados aqui. A opção,porém, é pela indicação da Biblioteca Mundial Digital, patrocinada pela Unesco – Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura, que pode ser acessada mundialmente através do linck<
http://www.wdl.org/pt/>. A leitura pode ser  realizada em diversas línguas, entre elas o português. Trata-se, portanto, de uma iniciativa que se constitui em uma daquelas oportunidades de se ligar à história da evolução humana, e, por isso, não pode ser perdida.

A ligação à evolução da humanidade ocorre através do contato com os aspectos culturais, históricos e artísticos. Neste ambiente, é favorecido o contato com as histórias de alguns milhares de seres humanas que foram transmitidas às gerações posteriores por tradição oral, diários, cartas, registros ou por transcrições de entrevistas.

Enfim, é preciso conectar-se com as fontes inspiradoras mais nobres e dinâmicas à formação do espírito crítico, essencial para que no interior ocorra uma mutação que o torne distinto em relação ao coletivo.

E então, jovens, adolescentes e pais, após esta leitura, comentem como você está se preparando para o futuro, para o seu futuro? Você está cuidando do seu desenvolvimento pessoal, agregando conhecimentos culturais, artísticos e de percepção de mundo que lhe proporcione uma visão mais ampliada e panorâmica? Por fim, você se vê preparado para o futuro?

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segunda-feira, 13 de junho de 2011

A Unisul traz a Tubarão o futuro contemporâneo

Esta semana, além da comunidade universitária tubaronense, toda a região vive um momento de encontro com o futuro. Refiro-me a inauguração do Centro de Convivência, parte do Plano Diretor Físico do Campus Universitário de Tubarão, entregue em 2008 à Unisul. O Plano constitui-se em um norteador político para as obras físicas, filosóficas e ideologicamente articuladas.

A proposta é de um Campus contemporâneo, sustentável, voltado para as pessoas e harmônico com o meio em que está inserido. Assim, o Campus, tornar-se-á um espaço aberto, sem muros, barreiras físicas, conceituais ou preconceituais, permitindo, em seus espaços físico ou virtual, a conexão, integrando-se em plenitude ao seu entorno e a uma concepção de mundo.

O Centro de Convivência, agora inaugurado, juntamente com as quadras cobertas, o palco de eventos ao ar livre e as obras iniciais de reparo no prédio sede são as primeiras das diversas obras conceitual e estruturalmente previstas no Plano Diretor Físico do Campus Universitário de Tubarão que irão posicioná-lo como um Campus Parque. Este será implementado, ao longo dos próximos vinte anos, de acordo com um cronograma específico de obras consecutivas.

Localizado estrategicamente no centro físico do Campus Universitário de Tubarão, este Centro de Convivência, foi concebido e está organizado, no contexto geral do Campus Parque, a partir das concepções e princípios de bem-estar, humanização e melhoria da vida acadêmica, e,estruturado e integrado para atender também a comunidade do entorno da Universidade.

Preservando  amplos espaços livres, será privilegiada a permeabilidade do solo, o que permitirá a viabilização de um jardim botânico, onde se disponibilizará exemplares de espécies nativas da flora e da fauna catarinense. Além disso, o tratamento e destinação de resíduos,  a promoção plena à acessibilidade, juntamente com o restauro estrutural do prédio principal resultarão em compromissos com o resgate histórico da Universidade nesta região do estado, caracterizando um espaço de respeito à vida e à preservação ambiental.
O Campus da Unisul de Tubarão será um centro de conhecimento, cultura, artes e esportes. Sem dúvida, se constituirá no mais belo e harmônico campus universitário do Estado, figurando entre os mais bem elaborados e planejados do País, o que o tornará um orgulho para nossa geração.
E você estudante, professor, funcionário da Unisul pertencentes ao Campus de Tubarão, conhece e acompanha a implementação deste Plano Diretor Físico do Campus Universitário de Tubarão?
 Tubaronense, como você se vê diante desta possibilidade de um novo e agradável espaço físico a sua disposição?
Como você se vê ocupando e aproveitando todo este potencial com a natureza a sua disposição?

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segunda-feira, 6 de junho de 2011

Geração pós Y - os jovens de hoje - como pensam e como agem

Dia desses, a revista Pequenas Empresas & Grandes Negócios trouxe uma matéria bastante interessante acerca das características que marcam a geração pós-Y, agrupamento social que se forma pelas pessoas jovens, hoje, na faixa dos 20 anos, portanto, a força de trabalho do futuro desta nação. Daí, a importância ímpar de conhecê-las, em detalhes, e descobrir se estamos, e, em que nível, conectados com essa massa de brasileiros que comandarão o futuro do país.

Para Laura Kroeff, da Agência box 1824 e Renato Meirelles, da Data Popular, o grande diferencial da geração Y está no acesso ao conhecimento, através do estudo. Aqueles que a integram, mesmo os que pertencem à classe C, estudam mais do que seus pais estudaram, o que lhes proporciona uma melhor dinâmica de acesso à informação e ao conhecimento, tornando-os mais críticos e capazes de posições mais consistentes. 

O que interessa a você, que me segue neste blog e pertence a essa faixa etária, é saber identificar se já adquiriu essas habilidades e competências. São elas que lhe agregarão o diferencial necessário para tornar-se competitivo no mundo contemporâneo.

Mais do que conhecer essas tendências, você, jovem, precisa saber como adaptá-las e como utilizá-las em sua rotina de vida. Por isso, nesta semana, trago para reflexão, seis pontos especialmente listados. Eles permitem entender e falar a língua da sua geração.
Donos do próprio nariz
O empreendedorismo está na veia. Criativos, serão experts em identificar novas oportunidades, carreiras e nichos de negócios inéditos.

Imediatistas e focados
A palavra de ordem é meta – atingida cedo com a ajuda do acesso fácil ao crédito.

Tudo ao mesmo tempo - agora
O atual conceito de realização pessoal, focado na profissão, será coisa do passado. São  sujeitos que dominam sua vida e seu tempo. Trabalham no que gostam, mas não abrem mão de gerar renda com seu hobby. “Será a era dos médicos/DJs ou dos advogados/cervejeiros.”

Mais que globalizados
Constrói relações pautadas na ausência de fronteiras. Viajam para se qualificar, ampliar conhecimentos e “trocar valores”.

Exigentes na hora de comprar
São consumistas. Porém, a forma como as marcas lidam com justiça social e respeito ao ambiente pesarão na decisão de compra.

Eu sou o que eu visto:
No quesito moda, haverá uma incansável busca por diferenciação, mas também por inclusão social, dependendo do nível social.

Agora que já dei as dicas aos meus seguidores jovens que se incluem na geração Y, quero também chamar atenção dos que me seguem, mas pertencem a gerações anteriores: X, Z, ou outras “tribos”, para que essas questões fundamentais permitam a todos um posicionamento pessoal adequado à contemporaneidade.

Percebam que estamos falando de características de grupos de consumidores em potencial. Então, surge a pergunta: O que estamos fazendo para interagir e conquistar a decisão de consumo dessa geração?

Qual grau de compreensão e tradução do perfil decisor em prol de adequação dos portfólios e dos serviços de atendimento nas organizações que se propõem a se perpetuar?

Gostaria de conhecer, esta semana, a opinião e os comentários de cada um dos que me dão o prazer da visita, para enriquecermos este debate.

Posso contar com cada um de vocês?

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