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terça-feira, 30 de outubro de 2012

Características necessárias à Cidade do Conhecimento

Nesta semana vou palestrar no Fórum Acadêmico-Empresarial, na FIESC – Federação das Indústrias do Estado de Santa Catarina, promovido pela Universidad Autonoma de Barcelona e pela Unisul no âmbito do Programa de Cooperación Interuniversitaria e Investigación Científica con Iberoamérica (PCI – Iberoamérica 2008) que pretende a criação de um Centro de Referência em Diagnóstico, Prevenção e Remediação de Áreas Contaminadas em Meio Ambiente, financiado com recursos da União Européia, através do AECID – Agencia Española de Cooperacion Internacional para el Desarrollo.

É neste clima, e motivado pelos discursos que ouvi dos candidatos às prefeituras pretendendo transformar as cidades em pólo de inovação e desenvolvimento tecnológico, que optei por refletir neste nosso espaço virtual sobre o que transforma ou habilita uma Cidade como Cidade do Conhecimento.

Nos diferentes ambientes em que me relaciono tenho aprendido que os espaços favoráveis à inovação, à ciência e à tecnologia precisam ser naturalmente dotados de ambiência propícia e estimulante ao exercício da inovação.

A ambiência propícia constitui-se quando todas as variáveis intervenientes sobre o espaço e as pessoas são favoráveis ao fim esperado – a inovação. O Estimulo, é muito, é quase tudo nesse jogo.

A partir do final do século XX, ao analisar as semelhanças entre as cidades mais dinâmicas do ponto de vista da economia do conhecimento no Mundo, percebeu-se que de comum entre elas havia uma tendência para a integração das estratégias urbanísticas com as estratégias econômicas.

Elas proporcionam integração plenamente entre as atividades produtivas, acadêmicas, e pesquisas (publica e privada). Elas apresentam-se compactas (no sentido concentrado) e sustentáveis. Nelas, diferentes clusters se instalam e interrelacionam, propiciando uma relação multípa e plural. Como conceito espacial torna-se uma polaridade científica, tecnológica e cultural, caracterizando-as como plataformas de inovação e economia do conhecimento. Nelas as pessoas trabalham, moram, divertem-se. Elas vivem!

Isso é o que de comum as caracteriza, e as tornou reconhecidas como Cidade do Conhecimento. Atualmente, este conceito tem sido apropriado para projetos de parques (distritos) de inovação científicos e tecnológicos.

Neste contexto é que Barcelona – Espanha torna-se uma referência internacional de ambiência propícia à inovação. Esta história não aconteceu de hora pra outra. Em sua linha do tempo, 1998 é o marco referencial desta trajetória.

Com a decisão de reforma do Plano Metropolitano de Barcelona em 1998, optou-se como premissa por um conceito contemporâneo de desenvolver um centro de conhecimento e de inovação tecnológica, que passou a ser chamado: 22@Barcelona. O Plano Diretor da Cidade de Barcelona foi apropriado para isso.

Um espaço físico predefinido foi desenhado com as características apropriadas a estimular a criatividade no sentido amplo. Leis Municipal e Distrital foram apropriadas no sentido de facilitar e incentivar o estimulo à prática da criatividade para inovação de ciência e tecnologia. O conhecimento foi fixado como a base transversal necessária em todos os ambientes deste espaço. Daí a atratividade para que as pessoas e suas ideias, tendo um local adequado para proliferarem, fossem naturalmente atraídas para este ambiente físico, apropriado e propício à inovação, que por isso, ia se multiplicando. Daí, a referência da base de sustentação ao sucesso do Projeto 22@Barcelona. 

Torna-se necessário compreender que ao disponibilizar espaço físico e apropriar algumas leis de estímulo não é suficiente para o sucesso deste conceito. Dois elementos fundamentais é que garantem o sucesso da iniciativa: Um modelo de governança e gestão apropriados e a capacidade profissional das pessoas envolvidas nos projetos e atividades de pesquisa científica e transferência de tecnologias complementam as condições essenciais às possibilidades de sucesso deste tipo de empreendimento inovador.

No 22@Barcelona a governança responsável pela gestão dos ambientes faz a conexação das ideias geradas com as necessidades de conhecimentos para soluções tecnológicas do Mundo. Para isso, a integração tríplece entre universidade, empresa e governo é fundamental, mas também é essencial a independência do pensar e agir neste ecossistema inovador. Por isso, um modelo de governança.

Portanto, estamos falando do desafio de atrair o mais caro dos ativos deste empreendimento inovador: cérebros.

Em Barcelona, nestes 14 anos de atividades do Projeto 22@Barcelona pode-se afirmar que o modelo já consolidou-se. Envolve quase 2.300 empresas, 10 centros de formação superior e 9 centros de pesquisa e transferência de tecnologia onde estão 28.000 estudantes e pesquisadores. No distrito estão empregados atualmente 56.000 trabalhadores, além dos estudantes. Até a maturação do Projeto, estarão sendo gerados outros 150 mil novos postos de trabalho.

Disso é que falamos quando propomos a criação de um Parque de Inovação Científica e Tecnológica nas cidades, em especial cidades universitárias, que pretender, ter a expectativa de perpetuar-se como centro gerador de conhecimento.

É isso que entendemos e pretendemos buscar para nossas Cidades?

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terça-feira, 2 de outubro de 2012

A Escola Eficaz é a Escola que queremos


Em momentos de delírio eleitoreiro promovido por propostas às vezes pouco palpáveis e muitas vezes mirabolantes, permito-me, neste ambiente de discussão, pensar sobre qual educação queremos para nossa sociedade? Pra que tipo de sociedade queremos educação?

Estas, parecem ser perguntas filosóficas, mas não são só filosóficas. Elas trazem em si uma consistência muito forte em relação à concepção do modelo, que orienta os fluxos e as práticas acadêmicas e pedagógicas que constituirão a educação que teremos. Delas é que derivarão as respostas ao perfil de professor desejável e necessário. Disso, é que será possível inferirmos sobre a composição dos currículos de formação docente e pedagógica para o País.

É desse princípio, que deriva a impossibilidade de um projeto educacional qualquer servir para qualquer lugar da mesma forma, afinal, educação não é receita de bolo, que se recebe e utiliza a qualquer momento, da mesma forma, sempre.

Por outro lado, aparentemente incoerente com este princípio, uma coisa é certa: as ciências naturais e as humanidades são essenciais à formação, e nesta condição, não podem ficar relegadas a um número mínimo de horas dedicadas a este conteúdo.

Elas oferecem ao estudantes acesso aos conteúdos de base formativa ética e moral, por isso, são essenciais e fundamentais, contrapondo-se ao princípio de que educação se dá como uma receita de bolo.

O fato, é que elas, assim como a essência da educação tem como missão oferecer acesso ampliado à cultura geral, a origem da vida e da humanidade, mais que acesso às habilidades técnicas. Isso também não significa modo único e padrão.

Como conhecimento, ela é padrão, agora, por outro lado, como conteúdo, ela vai se adequar à região e ao perfil dos estudantes que compõe o grupo de estudos.

Resta-nos a pergunta: a educação que temos, e a que nos propõem, atende a estas premissas que formam efetivamente cidadãos e profissionais preparados aos desafios contemporâneos?

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